
Stablecoins
Introdução
As stablecoins se consolidaram como um dos pilares do mercado cripto, atuando como ponte entre moedas fiduciárias e ativos digitais. Diferente de criptomoedas voláteis como o Bitcoin, elas buscam manter paridade com moedas estáveis, principalmente o dólar americano, oferecendo previsibilidade e liquidez. Em 2025, estima-se que mais de US$ 160 bilhões estejam alocados em stablecoins, movimentando tanto investidores individuais quanto instituições financeiras. Entre os novos protagonistas, surge o RLUSD da Ripple, que promete combinar estabilidade, transparência e integração institucional.
Como funcionam as stablecoins
As stablecoins utilizam diferentes mecanismos para manter seu valor estável:
Lastreadas em moeda fiduciária
Exemplos: USDT (Tether), USDC (Circle), BRZ (do Brasil). Cada token corresponde a 1 unidade da moeda fiduciária guardada em reserva. São as mais comuns e de maior liquidez.
Lastreadas em criptomoedas
Exemplo: DAI, garantido por colaterais em Ethereum e outros criptoativos. Costumam exigir supercolateralização para reduzir risco de oscilação.
Lastreadas em commodities
Menos comuns, mas existentes, como stablecoins lastreadas em ouro ou petróleo, voltadas para investidores que buscam proteção contra inflação.
Algorítmicas
Utilizam contratos inteligentes para controlar oferta e demanda. Um exemplo foi o Terra UST, que colapsou em 2022, gerando desconfiança nesse modelo.
Vantagens e casos de uso
Pagamentos internacionais e remessas
As stablecoins permitem transferências baratas e rápidas, evitando custos de bancos tradicionais. No Brasil, já são usadas em transações com a Argentina, com projeção de crescimento superior a 500% em 2025.
DeFi e serviços financeiros digitais
São fundamentais para plataformas de DeFi, permitindo aplicações em crédito, staking e liquidez com menor exposição à volatilidade.
Tesouraria corporativa
Empresas e fintechs têm adotado stablecoins como forma de proteção cambial e integração a sistemas de pagamentos internacionais.
Inclusão financeira
Acessíveis por carteiras digitais, abrem portas para populações sem acesso bancário tradicional.
RLUSD: a stablecoin da Ripple
O RLUSD (Ripple USD) foi lançado em dezembro de 2024 como stablecoin institucional lastreada em dólar americano.
- Lastro 100% garantido: cada RLUSD é respaldado por reservas em dólares, títulos do Tesouro dos EUA ou equivalentes.
- Custódia regulada: as reservas ficam sob gestão da Standard Custody & Trust Co., entidade supervisionada pelo regulador de Nova York (NYDFS).
- Transparência: auditorias independentes publicadas mensalmente.
- Multichain: emitido tanto na XRP Ledger quanto como ERC-20 na Ethereum.
- Capitalização: entre US$ 470 e 600 milhões em 2025, ganhando espaço no top 150 stablecoins.
- Expansão regulatória: pedido de charter bancário nacional nos EUA e licença de EMI na União Europeia.
- Adoção crescente: já aceito em carteiras como Xaman e Transak, com foco em uso institucional e retail.
O RLUSD busca se diferenciar de rivais como USDT e USDC pela combinação de compliance regulatório elevado, lastro auditável e apoio de uma empresa consolidada no mercado cripto.
Principais riscos
De-pegging
A perda temporária ou permanente da paridade é o maior risco. Casos como o do Terra UST mostram o impacto devastador para investidores.
Falta de transparência
Algumas stablecoins enfrentam críticas por reservas pouco claras, como o histórico do Tether (USDT).
Riscos regulatórios
Mudanças em legislações podem restringir o uso ou impor custos adicionais. No caso do RLUSD, o risco é mitigado pelo alinhamento a padrões internacionais.
Riscos sistêmicos
Grandes volumes podem impactar políticas monetárias nacionais, conforme alertam o Banco de Compensações Internacionais e o Banco Central Europeu.
Panorama regulatório global
Estados Unidos
Em julho de 2025, o Genius Act estabeleceu regras para stablecoins, incluindo:
- Reserva 1:1 em ativos líquidos.
- Proibição de stablecoins que pagam juros.
- Auditorias regulares supervisionadas por reguladores federais.
União Europeia
O regulamento MiCAR entrou em vigor em 2024, criando um arcabouço para stablecoins e exigindo licenciamento e auditorias. O BCE vê nelas oportunidade de fortalecer o euro, mas alerta para riscos à soberania monetária.
Brasil
O Banco Central do Brasil prepara regulamentação específica para stablecoins ainda em 2025. Os principais focos são:
- Prevenção à lavagem de dinheiro.
- Integração com o Open Finance e projetos de CBDC Real Digital.
- Supervisão sobre emissões como o BRZ e possível chegada do RLUSD.
Mercado brasileiro e perspectivas
O Brasil é um dos mercados que mais cresce em adoção de stablecoins. Dados de 2025 apontam:
- Expansão de 500% nas operações com a Argentina.
- Crescimento do uso em fintechs e bancos digitais.
- Interesse institucional em tokenização de ativos e integração com o Real Digital.
Stablecoins como o BRZ já têm forte penetração, mas a chegada de alternativas reguladas como o RLUSD pode consolidar a profissionalização do setor.
Comparativo: USDT x USDC x RLUSD
- USDT (Tether): líder de mercado, mas alvo de críticas por transparência limitada.
- USDC (Circle): considerado mais transparente, com relatórios regulares e suporte institucional.
- RLUSD (Ripple): mais novo, ainda ganhando volume, mas com alto nível de compliance e suporte de uma empresa sólida.
Conclusão e recomendações práticas
As stablecoins se firmam como peça-chave do mercado financeiro digital. Para investidores iniciantes, representam uma forma de acessar o ecossistema cripto com menor exposição à volatilidade. Para profissionais, oferecem oportunidades de diversificação, eficiência em tesouraria e inovação em meios de pagamento.
O RLUSD, embora recente, já mostra potencial para disputar espaço com USDT e USDC, especialmente pelo seu enfoque regulatório robusto. Ainda assim, como em qualquer investimento, é essencial acompanhar relatórios de auditoria, avaliar o risco regulatório e diversificar a exposição.
FAQ
- As stablecoins são seguras? Sim, desde que emitidas com reservas auditadas e reguladas, mas riscos de mercado sempre existem.
- Qual a diferença entre USDT e RLUSD? O USDT tem maior liquidez, mas o RLUSD se destaca por transparência regulatória.
- As stablecoins podem substituir o real? Não, mas podem complementar sua função em remessas, investimentos e tokenização.